Na Pré-História observamos os deslocamentos dos grupos humanos em busca de meios de subsistência. Essa dispersão humana contribuiu para o acúmulo dos primeiros conhecimentos das diferentes regiões do planeta.
A dispersão humana superou os obstáculos geográficos, nem mesmo os mares ou as altas cadeias de montanha foram capazes de deter os homens em sua aventura. Quaisquer que fossem os motivos dos deslocamentos e das migrações mais antigas, o importante é que elas possibilitaram o conhecimento mais amplo da superfície da Terra. Todo o conhecimento acumulado era produto das experiências vividas e era repassado de geração a geração.
Homens da pré-história
Por meio da observação e da memorização, os caçadores e os grupos nômades, que partiam em expedições de caça ou de pesca, eram capazes de:
→ Avaliar as distâncias;
→ Distinguir os lugares;
→ Estabelecer os pontos de referência;
→ Reconhecer os traços da topografia e da vegetação;
→ Dominar os mecanismos das estações, das migrações e dos setores e das áreas frequentados pelos animais silvestres que utilizavam como alimento.
Na Antiguidade, a Geografia passou a ser um conhecimento importante para desenhar os roteiros a serem percorridos e informar os recursos disponíveis nas diversas regiões exploradas. Neste período, o conhecimento geográfico foi se desenvolvendo por meio das contribuições da Cartografia e da Astronomia.
Com o desenvolvimento dos grupos humanos, os mapas mentais foram substituídos por grafias esculpidas em diversos materiais, como pedras, madeiras, pedaços de ossos e em papiros.
Mapa babilônico em argila
Os homens desenvolveram esforços consideráveis para poder se situar, delimitar as fronteiras, demarcar a localização da água e das terras férteis, conhecer os contornos e as posições geográficas dos rios e das formas de relevo. Dentre as motivações para esta empreitada destacamos a evolução do comércio, a expansão dos impérios e as grandes conquistas empreendidas.
Reconstrução do mapa do mundo de Hecateu de Mileto.
Um grande inventário da superfície do planeta foi produzido, levando em consideração as características físicas dos lugares conhecidos e, também, as características sociais e culturais dos diferentes povos. Foram mapeados os lugares habitados, as principais rotas comerciais, as construções religiosas, os portos e as cidades.
A Terra passava a ser cada vez mais conhecida pelo homem, e o conhecimento dos lugares passou a ser compartilhado com grupos sociais mais amplos. Os conhecimentos geográficos atendiam, particularmente, aos interesses dos navegadores, dos militares e dos comerciantes com os objetivos expansionistas dos povos do Mediterrâneo.https://atreus.uoledtech.com.br/estacio/video/200856
A contribuição dos gregos para a sistematização da Geografia
Os gregos foram os primeiros a registrar de forma sistemática os conhecimentos geográficos. Aliás, foram os gregos que batizaram os conhecimentos sobre a superfície da Terra como Geografia.
Situada em uma posição privilegiada no Mar Mediterrâneo, a Grécia tinha importância por ser o centro de uma sociedade escravista que herdou e ultrapassou a vocação comercial dos fenícios.
Na expansão de seu império, os gregos:
- Dominaram o litoral sul da Europa e o litoral norte da África;
- Conheceram o Mar Vermelho, o Mar Negro, a Mesopotâmia e o Golfo Pérsico;
- Percorreram as terras que se estendem até à Índia.
mapa da Grécia antiga.
A principal atividade econômica dos gregos era o comércio, o que facilitou coletar e sistematizar os conhecimentos de natureza geográfica. Os gregos teorizaram as bases desse conhecimento.
Na Grécia, já se delineavam algumas perspectivas distintas da Geografia:
→ Uma com Tales e Anaximandro, que privilegiavam a medição do espaço e a discussão da forma da Terra;
→ Outra com Heródoto, que se preocupava com a descrição dos lugares, em uma perspectiva que dará origem à geografia regional.
Contribuições dos pensadores gregos para a sistematização da Geografia
Tales de Mileto (640-558 a.C.)
Além de filósofo, era matemático, astrônomo e físico. Na visão de Tales, a Terra era um disco boiando sobre a água no oceano. Tales foi o primeiro a explicar os eclipses do Sol e a demonstrar que a Lua era iluminada pelo Sol. Também realizou estudos sobre o movimento dos astros, no intuito de orientar as navegações e fez estudos para explicar as inundações do Nilo. É considerado o “pai da filosofia grega”. Do seu pensamento, só restam interpretações formuladas por outros filósofos, pois nada deixou escrito.
Anaximandro de Mileto (610-547 a.C.)
Foi um filósofo grego, também considerado matemático, astrônomo, engenheiro e geógrafo. Ele percorreu o mundo e escreveu relatos de viagens. Atribui-se a Anaximandro a confecção de um mapa do mundo habitado, gravado em pedra, e a introdução do uso do gnômon (relógio de Sol) na Grécia.
Heródoto (485-425 a.C.)
Heródoto foi filósofo e historiador, considerado o pai da História e da Geografia. Sua obra registra a gênese da Geografia Regional. Ao longo de suas viagens, coletou informações sobre cultura, mitos e História de diversos povos. Estudou as populações e suas características, o contexto espacial e a organização política desses lugares.
Eratóstenes (276-196 a.C.)
A principal contribuição de Eratóstenes para a Geografia foi a medida da circunferência da Terra. Além de calcular suas dimensões com notável precisão, é atribuído a Eratóstenes a criação do primeiro sistema de coordenadas geográficas, no qual estavam presentes as longitudes e as latitudes.
A contribuição dos romanos para a sistematização da Geografia
O Império Romano é considerado a maior civilização da História Ocidental. Durou cinco séculos: começou em 27 a.C. e terminou em 476 d.C. Após dominar toda a península itálica, os romanos partiram para as conquistas de outros territórios.
Com um exército bem preparado e muitos recursos, garantiram a supremacia no Mar Mediterrâneo. Roma ampliou suas conquistas, dominando a Grécia, o Egito, a Macedônia, a Gália, a Germânia, a Trácia, a Síria e a Palestina. Os povos conquistados foram escravizados ou passaram a pagar impostos para o Império. As províncias (regiões controladas por Roma) renderam grandes recursos.
Mapa do império Romano.
Com o apogeu de Roma e a dominação dos povos e terras conhecidas, a Geografia se constituiria em uma arma para a formação e manutenção do vasto império em expansão. Como um Estado militarista, o Império Romano colocou o saber geográfico a serviço do Estado. Neste período, destacamos a contribuição de Estrabão e de Ptolomeu.
Estrabão (64 a.C.–21 d.C.)
Foi um filósofo, geógrafo e historiador grego, que viveu grande parte de sua vida em Roma. Ele escreveu um importante trabalho, em dezessete volumes, intitulado Geographia, com a história e a descrição dos lugares e dos povos. Estrabão adotava como metodologia geográfica a localização e delimitação dos aspectos físicos de uma região e, em seguida, a descrição de seus aspectos humanos, como as características da população, as lendas e os costumes, e as atividades econômicas.
Cláudio Ptolomeu (90-168 d.C.)
Foi um astrônomo, matemático e geógrafo. Era um cidadão romano e foi considerado o último grande geógrafo da Antiguidade. Sua obra mais importante, traduzida e divulgada pelos árabes com o nome de Almagesto, defendia o Sistema Geocêntrico, que descrevia a Terra no centro do universo, com o Sol, os planetas e as estrelas circulando ao seu redor. O trabalho de Ptolomeu influenciou o pensamento astronômico durante mais de mil e quinhentos anos, até ser substituído pela Teoria Heliocêntrica de Copérnico.
Glossário:
Pré-História: Os cientistas consideram as sociedades em que não havia escrita pertencentes à Pré-História. Iniciada aproximadamente há três milhões de anos, a Pré-História pode ser dividida em três períodos: Idade da Pedra Lascada, ou período Paleolítico: Idade da Pedra Polida, ou Neolítico e Idade dos Metais.
Topografia: É uma ciência que estuda todas as características presentes na superfície de um território, como o relevo e outros fatores próprios de determinada região. A topografia nasceu alinhada à cartografia (estudo dos mapas), por causa da necessidade que as pessoas tinham de especificar as condições e a estrutura dos caminhos descritos nas cartas geográficas da época.